COLETIVO EMER.GENTE
10.07.2021
Associação Recreativa da Moita Redonda, Fátima
Uma iniciativa de juntar todos os que têm vontade de ver e criar, no olhar da descentralização artística.
Mostra de arte na Associação Recreativa da Moita Redonda em conjunto com outros eventos de variados meios artísticos.
PAPEL DE PAREDE
A obra “Papel de Parede” (2021) insere-se no debate relativo à valorização e desvalorização da arte e do trabalho do artista, em particular face à situação pandêmica que atravessamos.
O colectivo vês.três, composto pelas artistas visuais Ana Malta | NUMPÁRA, Maria de Brito Matias e Madalena Pequito, apresenta um obra que faz alusão ao objecto papel de parede, questionando deste modo o conceito de valor, tanto a nível económico como apreciativo, em Portugal.
Sentadas num café, discutiam as adversidades que confrontavam ao viver em Lisboa. Três artistas, vindas de uma área profissional com baixa taxa de empregabilidade, num mundo de incertezas onde se recebe pouco para a qualidade de vida sustentável que cada indivíduo criador merece ter.
Estas preocupações despertaram a vontade de expressar a frustração ao ver os valores das oportunidades, os valores do imobiliário, os valores dos materiais…o valor de tudo.
Questionamo-nos: que valor tem a arte? E porque é que vale a pena? Como valorizar a nossa mão, o nosso suporte, a nossa vontade, a nossa obra?
E se colocarmos os egos de parte, e nos unirmos numa nova autoria? Uma autoria que encara a criação artística como momento de reflexão, de discussão e de diversão?
E se o valor unicamente do nosso trabalho/processo artístico, fosse suficiente para comprar uma casa? Para um futuro estável?
Rapidamente forraríamos o espaço a papel de parede…o nosso - pois o valor não é apenas monetário. É representativo do esforço de cada um e da vontade artística que nos move.